TEMPO QUE VAI E NÃO VOLTA

Quem pudesse viesse naquela hora...

Mas a maioria decolou

Bem antes da nova aurora

Ninguém distorceu o que espanou

Pudera, ali era a degola...

Mas não agora...

De verso ao reverso, recombinou-se

Toda aquela antiga história!

Pois o desviado se reencontrou

Na igreja dos desesperados

E operado pelos homens,

Totalmente se curou...

O outro, o mais velho, morreu em glória

Com uns ares por demais abusados

Já que vingou-se a tempo da escória

Tudo, tudo foi reconquistado!

Até a última mão lesada pousou

Nas largas costas dos otários

Sim, os mesmos espertalhões dos outros tempos

Em que os mesmos dedos circulavam o calvário...

O eterno desempregado virou diretor

Homem decidido, culto e viajado

E aprendeu (ao invés de sentir) a impingir dor

E, nem te conto...

O chato adolescente tornou-se gente...

Gente que muita gente gosta!

Ah... O menino magro, finalmente...

Ganhou, enfim, uma aposta!

E o último elo rompeu-se da corrente...

O ferro do tempo sempre estoura!

Ainda ficou um pouquinho

Do gosto de derrota

Por conta daquele passado indecente...

É que se uma vez amarrota

Cem por cento mesmo, jamais volta

E tem momentos que ainda se sente...

Mas hoje a gente nem se toca

E tira de letra as fracassos da mente

Palitando os vãos dos dentes...