UM CORPO DESLOCANDO

Eu vou andar de bicicleta

Neste trajeto trejeito de tudo de ida e de volta,

Nestas máquinas que não se encenam um adeus.

Vou voltar pela ciclovia,

E como já fui observado!

Neste colapso negro sob rodas,

Como se os meus pés suportassem o sol

Eu não vou reluzir como ouro nem me fazer de combustível,

Vou pedalar horas a fio sem pestanejar.

A garagem está vazia, nela posso me confortar na ida,

Como se minha chegada dependesse da pressa que todos têm,

Mas o meu hangar ta lotado, os pássaros migram contentes.

Os gaviões com rasantes a vomitar a presa indigesta,

Sem que o formigueiro tire férias para tristeza do tamanduá,

Vou conseguir congestionar a avenida deslocando sob duas rodas.

As filas enormes continuarão

Como seu os meus dedões fossem de mal de todo o resto,

E na palavra união tomarei a descida com apreço.

O freio é mecânico como é a única forma de parar no meio da rua,

Tenderei ser o ciclista alvo entre todas as pessoas robóticas,

O fim ainda estar por vim, como todas as parafernálias, estraga na hora incerta.

E no vazio do desejo de continuar, a ladeira me engoliu buraco abaixo

Meus arranhões são menores que a atitude e volto a caminhar como um potro novo,

O destino pode me esperar sorrindo, o mundo da uma volta completa diante dos meus olhos.

Vou depurar pra ser reconstituído entre uma descoberta e outra,

Os meus corcéis são de prata e com pelos posso montar um dorso que vai adiante

Os céus estão tomados de tentativas que levam a sobrevivência.

Eu vou voar para o infinito, mas não tenho medo da condução,

Sem pernas não vou a lugar algum,

Vou fingir que posso ser o indivíduo ao lado,

Não vou poder me ver como o semelhante,

Os pobres estão enfileirados em linha reta,

E os nobres têm carros que voam e cospem fogo.

Eu parei de ouvir barulho do motor,

Durmo com pensamentos voltados para o mar,

Ando de carruagem pela madrugada e velejo sempre em prol do horizonte.

Gueko
Enviado por Gueko em 24/06/2009
Reeditado em 25/06/2009
Código do texto: T1665951