APRENDIZ DE POETA,

Poeta, não sou..
Quanto muito um versejador.
Ou talvez um contemplador.
Pois vejam que nos meus escritos,
ouvem-se bem alto os gritos,
de dor. De tanta ousadia,
machuco a ortografia.
Minhas frases são tétricas,
não tenho respeito às métricas
dilacero sem dó, as rimas.
Ah, como eu queria ser,
Senhor de mim e dizer,
como poeta: sou mais eu.
Mas não posso, pois o meu,
vocabulário é reduzido,
sinto-me até impelido,
a desistir, quando me leio,
Tantos doutos que sem receio,
se auto proclamam, “sou o melhor.”
Para que, então, devo insistir,
em ser sempre o pior?
Não diviso um objetivo para mim.
Entretanto, mesmo assim,
insisto, e vou cantando,
como um menestrel passando.
Vou inventando a minha fantasia,
deixando um pouco de alegria.
para quem a dor já chegou.
E se alguém chega, e me diz:
-Vem aqui, oh poeta! Eu vou,
e levo junto minha alma,
mas digo logo,
vá com muita calma,
pois poeta eu não sou,
quanto muito, um aprendiz...

Marco Orsi
23.062009