SOLTO NO TEMPO

Solto no tempo da vida

retirante, caminhante,

sem tempo pra cuidar

da própria ferida;

Os dias são eternos

nessa trilha infinita,

as cruzes cruzam as encruzilhadas,

onde a consciência grita:

“Meu deus! O que fui?

O que fiz?

O que serei?”

Solto no vento da vida,

solto no tempo,

solto no relento,

procuro esse alento.

Passa por mim uma rajada

quente ou fria,

é o tempo cobrando meu tempo.

é a espada cruzando meu espaço,

é o amanhã que já se faz dia,

é o alento no vento da vida,

solto no tempo,

procuro esse alento.

ANDRADE JORGE

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FUNDAÇAO BIBLIOTECA NACIONAL

19/09/05