cisânea
cisânea
cisos sem juízo
abandonam o leito calmo do rio
experimentam a turbulência do vento
espalham pensamentos
o horizonte partido dilacera
a lógica da estória
e revela
a solidão de quarto de hotel
cama, mesa, cadeiras vazias
a expectar alguma presença e
mobilidade
meu corpo dói
doem os olhos cansados de claridade
e de tristeza
lágrimas secas
esfarelam os rancores sentidos
fecho a bolsa,
calço calmante os sapatos
e ao laço dos cadarços
procuro reatar-me
aos poucos
recolhendo-me delicadamente
como cacos de pirex
não cortam,
não ferem,
mas produzem uma ausência inexpugnável.
cisânea
rompe-se a última barreira do som
depois do outono
segue-se o inverno das emoções
que frias adormecem no frigobar.