cisânea

cisânea

cisos sem juízo

abandonam o leito calmo do rio

experimentam a turbulência do vento

espalham pensamentos

o horizonte partido dilacera

a lógica da estória

e revela

a solidão de quarto de hotel

cama, mesa, cadeiras vazias

a expectar alguma presença e

mobilidade

meu corpo dói

doem os olhos cansados de claridade

e de tristeza

lágrimas secas

esfarelam os rancores sentidos

fecho a bolsa,

calço calmante os sapatos

e ao laço dos cadarços

procuro reatar-me

aos poucos

recolhendo-me delicadamente

como cacos de pirex

não cortam,

não ferem,

mas produzem uma ausência inexpugnável.

cisânea

rompe-se a última barreira do som

depois do outono

segue-se o inverno das emoções

que frias adormecem no frigobar.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 21/06/2009
Código do texto: T1659902
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