Há em mim
uma vaga fome
a que talvez chame
ausência.
Não falo de solidão.
Solidão seria
sentir-me vazia
e eu sinto-me transbordante
de carinho, de sorrisos, de afectos.
Interesso-me por tanto!
Não sei onde ir
nem com quem falar.
Tenho tanto e nada a dizer!
Falta-me quem escute,
uma voz que salte do silêncio
e diga: Também vejo e penso.
Amigos estão longe
na busca constante
do que os atormente.
Vejo cada um na sua lida,
mergulhados noutro mundo
que não é nosso
estranho.
Como se eu estivesse boiando
ao largo de tudo,
à deriva de quanto rola
se e-novela
na luta perdida
guerra aberta
Desvairada Terra!