SONHAR NA CHUVA
Quero se tenente
Dos “ bóias frias ” ,
Dos inexatos números da exatidão da fome,
Do menino homem e da mulher criança,
Mãe de todo sofrimento.
Quero impotente
Andar por entre os gritos,
Entre o ventre e o passado
E cantar a morte súbta.
Quero imponente
Ver voltar cristo com as mãos furadas
E retirar do inferno
O jovem soldado que matou,
Por onde passou, a rosa de sua amada.
Quero somente
Estar diante da dúvida,
Fazer rir no cortejo fúnebre do poeta,
Acariciar os cabelos da viúva,
Que com certeza, é uma pobre mulher na vida.
Quero ver a corrente
Correr entre os dedos,
Andar por entre águas,
Nascer no coração das montanhas,
E simplesmente ser um elo na trama dos homens.
Quero que o tenente morra,
Na imponência de um olhar qualquer,
E a importância lhe será somente
Um veio na corrente, que,
Simplesmente jorra.