Algum dia no diário

Se fizesse um diário poderia montar uma história

Com meio, fim e começo

Mas teria sentido demais

Afinal de contas nem setenta por cento me conheço

Não tenho pretensão de deixar tudo bem contado

Com a ordem bem feita das letras a demonstrar um jeito de tudo ser

Pra mim seria ilusão, egoísmo

Pois nem sei onde tudo começou e nem pretendo arquitetar o fim

A vida mostra a sua intensidade feito a maré

Às vezes com água limpa e brilhante

Outras com um marrom flagrante

Demonstrando que a ressaca levantou a sujeira pro mar

Apagando qualquer coisa bem desenhada

No amontoado de grãos de areia na praia

Quando estou munido de fé

Pergunto-me como posso usá-la

Tento entendê-la, manejá-la

Mas a destreza nunca me foi forte

E a tristeza me pega sem sorte e me invade sem aviso

Serenamente

Tradução: melancolia

Talvez seja essa a alegria do poeta

Porém isso não sou ainda

Mas talvez algum dia tenha um diário

Pra tentar explicar alguma situação da minha vida

Num dia qualquer do meu calendário

Leonardo Cápot
Enviado por Leonardo Cápot em 14/06/2009
Reeditado em 27/09/2009
Código do texto: T1648803
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