QUASE ETERNAMENTE INSONE
QUASE ETERNAMENTE INSONE
Na órbita das malogradas tentativas,
Tolho e acahapo recorrentemente
O leniente soro da noite
Fosforescentemente entorpecente,
Embora ele sempre a contenda vença:
Por mais compenetrado que eu esteja.
Forço a minha corpulenta mente
A ser a passageira que cabe
No batel dos pensamentos
Para navegar
---- demoradamente ----
Pelo mar da divagação prenhe:
Mosaical paisagm afluente,
Porosa e suntuosa gravidade!
Então passeio por lugares
Inéditos ou já visitados:
Deparo-me com a face
Do assombro, do êxtase,
Do medo, da miragem, da catarse,
Do corpo exangue, da voragem,
Do mutismo, da alegria,
Do tempo, da soturnidade,
Da fúnebre poesia, do enfado
De ser o estático e unitário bólide de ego insuflado.
Emanto o meu vérvico espírito
Com o ardente, ígneo
Desejo do naufrágio.
Sonho que retroajo:
A substância do refluxo,
Gravitando o universo onírico
Faz incursões no meu
Córtex sáfaro, escalavrado, estéril estio!
De repente,
Eu me vejo ser embalado
Pela doce cantiga do ócio,
Mas, na verdade,
A verve a armadura
Da revelia veste e absorve:
Ela, assim,
Progressivamente
Se transforma
No indomável demônio da Tasmânia.
Todavia,
Quase no átrio da plenitude das cinzas,
A verve desnuda-se e suas potentes antenas
Desliga. Coloca-me em profundo estado
De animação suspensa: o diário hiato da vida-presença!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA