AMOR PARTIDO
Deita-me,
separa-me à parte do mal
e esquarteja a minha dor.
O sangue e o sal escorridos
fecundarão a sua terra,
e o grito, instinto parido,
afastará o seu pudor.
Toma-me num abraço, porque
a seiva que brota do meu cansaço
vai fertilizar a sua flor.
Assim então como ato de uma opera
virá à primavera,
tento em vão
afastar-me de tudo
que tua boca faminta dilacera e
extenuado de inútil movimento,
escorre enfim na face oposta
uma gota de quem eu realmente era.