PURIFICAÇÃO
Enquanto escrevo, me esvazio
A escrita é uma sangria purificadora
Desta forma me alivio
Do que me atormenta, a pletora
De idéias doloridas de infância
Eu feri quem me amava, como pude
A dor é retro alimentadora
Me machucam as atitudes
E não as tiro da lembrança
Assim preciso de um terceiro
Que suporte meu maldito fardo
Dentro de mim tenho um berreiro
Estou cercado pelos cardos
Eu me socorro no papel
Pego a caneta e escravizo-o
Falo mal de mim, me analiso
Nada me importa, o poema é meu
Depois que me traduzo em letras
E vejo o sangue vertido em estrofes
Humor e choro, soluços e tosses
As coisas me retornam neutras