Esboço de um Lírio ou uma Rosa

De tudo que estou farto

Volto a repetir

Estou farto de meus poemas de amor

Já não sei mais se amo quem amo

Quero amar para compreender

Não amar para talvez ter

Estou farto de dizer que desejo

Quando no fundo nem sei ao menos

Se eu sei direito

Cavadores de emoções

Suprimem suas nostalgias

E exibem o que tem de novo

Sou poeta, acho eu

Não sei suprimir nada

Tudo que tenho mistura

E Estraga

Sai em uma lapada só

A ponto de não ter mais eu

Quando chove e faz lua

Canto uma melodia crua

De quem mal pegou no baixo

E nunca foi afinado

Quando faz lua e chove

Desço do meu altar

Procuro um ser por lá

Para meu coração despedaçado

Ou nem tanto

Cavar, cavar, cavar

No sol da lua triste

O fogo que quase extingue

Faz um verde azul do mar

Que me cheira a horizonte

Sem fim e sem destino

Com cara de menino

E som de um homem

Fora do ser irreal

A lua o sol o mal

Conforme tudo

É total, é vasto

Eu me confundo

Sim!

Disforme é a forma sem forma

Mas uma forma aformada

Será sempre uma forma

Os vasos límpidos que sei que criei

Não entendo a duvida aqui dentro

Não nem ao menos os versos que inventei

Vá, vastidão para longe de mim

Volte com boas novas

Traga-me uma solução

Ou ao menos a velha duvida

Será que a terei então?

Não agüento mais o que sinto

Sinto que não sinto

Mas sinto...

Sinto que não sei se sinto

Sinto que busco e não busco

Tão próximo do que quero

E tão longe de ter

Tão próximo pois sei que estou próximo

E longe porque posso não querer

Eu me arriscaria?

Eu me arriscaria?

Eu me arriscaria?

Vá duvida!

Não a agüento mais

Não há agüento, mas

Você não tem o que falar

Vá e volte!

Volte com boas novas

Talvez uma solução

Talvez ao menos volte branda

Mas volte duvida...

Sem você não sou poeta

Virá...

Virá...

Virá...

Às quatro da manhã

E tudo que penso é se penso

Quero dormir...

Quero sonhar

Quero lembrar

Oh sonhos venham

Venham, mas vão embora!

Vão e levem de mim

A dúvida e a memória

Tragam na próxima noite

Novas vidas e temores

Pois não agüento mais

Quero outros problemas

Mas que eu sempre os tenha...

Os meus caros problemas

Este deveria ser o fim

Mas nada que acaba em vírgula acaba

Nada que acaba em vírgula

ACABA

Não

Este não é o fim

Ainda tenho tudo que tenho

Não sei de nada

E não como Sócrates

Não sei mesmo...

Mas tem a vírgula

E nada com vírgula

Acaba

Nada

Nada

Nada

Nada

Nada

Fim,