Kalanit
Então é grande a dor de não ser
Estou aprendendo, Kalanit
A sentir o cheiro das outras flores
Dantes esquecidas por meu olfato
Deveras temo o amanhecer
Estou entendendo, Kalanit
As cores do languido mosaico
Que vislumbro a tanto e esqueço
São poucas – as minhas – e não tão belas
Estou aceitando, Kalanit
Que do tato não provêm somente dores
Minha vida não se resume à simples hiato
Palavras, Manuel se fez mais delas
Estou sobrevivendo, Kalanit
Diante gosto amargo e prosaico
Dos goles da vida, da vida sem terço
O entender é lento como a dor que não se vai
Estou a enveredar, Kalanit
Nos bosques que ouço adiante
Sons verdes que trovejam calmaria
Não existe donde contento se vá, se extrai
Estou a talvez gargalhar, Kalanit
Nas trôpegas noites de paz lá distante
Intuição que me induz a essa agonia