MEÇA AS SUAS PALAVRAS
MEÇA AS SUAS PALAVRAS
Juliana S. Valis
Será possível que, mais cedo ou mais tarde, o pensamento
Possa medir a profundidade que uma palavra deixou ?
Pois quando o tempo se move e a paixão nos invade,
O coração se arrefece em seu humano calor,
Quando a emoção se ergue numa só tempestade,
Perguntando, depois, ao silêncio: o que foi que restou ?
Sim, o que foi que restou de um amor do passado,
De um amor camuflado no valor da aparência?
Como flor que cresce no jardim isolado
Das alegrias efêmeras, com fim na existência?
Nem mesmo a ciência calcula exatamente a verdade,
Quanto mais o que resta de um amor do passado,
E não importa o que a vida lhe tem renegado ?
Não importa o esforço ? Não importa a vontade ?
Ah, será mesmo possível que a palavra "saudade''
Possa medir os passos que um sentimento deixou ?
Pois quando o tempo se move, na lembrança da tarde,
O coração se arrefece em seu humano calor,
Quando a emoção se ergue numa só tempestade,
Perguntando, depois, ao tempo: meu Deus, onde esteve o amor ?
E meça suas palavras quando o silêncio lhe invade,
Dando tempo à verdade que a memória gravou.