O melhor da vida é?

Acordo no meu quarto entre quatro paredes,

Recorto alguns retratos retirando as faces.

Quantos retalhos guardados, quantos frascos.

Nenhum desses perfumes mata minha sede.

O sono não me pega, eu pego um novo livro,

Releio algumas frases, tudo é cópia e mentira.

“Como ganhar dinheiro”, “como criar seu filho”,

“Como viver sua vida”, “como acabar com o vazio”.

Tudo está escrito, então é isso, tudo já está escrito!

É como estar numa briga contra seus próprios princípios,

Como planejar uma fuga, pulando de um precipício.

Estar sem paraquedas, sem cordas e sem amigos...

Ouvindo pela milésima vez aquela repetida canção,

Arrancando a ultima folha daquele caderno antigo,

Onde ficou gravado o último resquício da ilusão.

Alguns pecados foram admitidos, outros são esquecidos.

Aqueles ficaram perdidos nos dedos entrelaçados,

Quem pagará o perjuro daquele que foi sepultado.

Em que tempo ficaram presos o amor e a inocência?

Ainda há um ultimo alento, o antídoto para o envelhecimento,

Ah, Mas custará horrores, e continuaremos os mesmos,

Com os mesmos olhares ermos, mesmo conteúdo neutro os mesmos mesmos com os mesmos temores!

O que podemos fazer quando se perde a fé?

Não vale a pena, me diga: O melhor da vida é?

Priscila Neves
Enviado por Priscila Neves em 16/05/2009
Reeditado em 28/07/2017
Código do texto: T1596802
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