O melhor da vida é?
Acordo no meu quarto entre quatro paredes,
Recorto alguns retratos retirando as faces.
Quantos retalhos guardados, quantos frascos.
Nenhum desses perfumes mata minha sede.
O sono não me pega, eu pego um novo livro,
Releio algumas frases, tudo é cópia e mentira.
“Como ganhar dinheiro”, “como criar seu filho”,
“Como viver sua vida”, “como acabar com o vazio”.
Tudo está escrito, então é isso, tudo já está escrito!
É como estar numa briga contra seus próprios princípios,
Como planejar uma fuga, pulando de um precipício.
Estar sem paraquedas, sem cordas e sem amigos...
Ouvindo pela milésima vez aquela repetida canção,
Arrancando a ultima folha daquele caderno antigo,
Onde ficou gravado o último resquício da ilusão.
Alguns pecados foram admitidos, outros são esquecidos.
Aqueles ficaram perdidos nos dedos entrelaçados,
Quem pagará o perjuro daquele que foi sepultado.
Em que tempo ficaram presos o amor e a inocência?
Ainda há um ultimo alento, o antídoto para o envelhecimento,
Ah, Mas custará horrores, e continuaremos os mesmos,
Com os mesmos olhares ermos, mesmo conteúdo neutro os mesmos mesmos com os mesmos temores!
O que podemos fazer quando se perde a fé?
Não vale a pena, me diga: O melhor da vida é?