Meu coração é um rio
Meu coração é um rio que de fios d’água se faz
Ribeiros, riachos, lagoas, nascentes calmas, serenas, correntes torrenciais.
Por entre montes e vales, remansos, cascatas, cachoeiras...
Águas que vêm e que vão, trazendo e levando amizades, saudades, amores, pétalas, flores...
Pedras, paus, areias, dissabores, absorvidos, revolvidos, rolam, emersos, submersos, escondidos, esquecidos, vindos, idos, jogados, tragados, arrastados...
Lágrimas, risos, graças, desgraças, sonhos, pesadelos, beijos, escarros, desejos, aversões, afetos, abraços, desafetos, encantos, desencantos, paz, guerra, vida, morte...
Águas misturadas, limpas, sujas, doces, salobras, mas que fazem meu rio.
E as águas correm, velozes ou lentamente, mas correm. O movimento não pára, não se pára meu rio. Às vezes seco, por filetes d’água se fazendo, triste e lentamente escorrendo.
Mas o leito denota o rio, degradado? Abandonado?
Esperança! Certeza!
As muitas águas voltarão, passo a passo. A chuva, o borbulhar maravilhoso das nascentes. Poças, lagoas, que de fio em fio se unirão e correrão aos regatos, aos riachos, ao rio, que se encherá.
As águas voltam, transbordam e correm e correm...as águas sempre correrão.
Correrão para o teu mar, e mesmo entre intrépidas ondas contrárias, por nosso movimento causadas, sei que sempre estarás de braços abertos para receber-me.
E nossa mistura se fará e será homogênea. Nos tornaremos um só, pois tu também és água.
E já fostes rio... ... ... ... ... ... ... ... Como rio eu sou.
Passastes por aqui... ... ... ... ... ... ... ... neste meu coração
Que é um rio.