O DESTERRO DA POÉTICA PALAVRA

O poema confina-me a mente:

Suscitando-me a fazer viagens

Ao éden da descoberta

Ou para a obliqua paisagem da nula sondagem.

Quando o naufrágio é o compulsório itinerário,

Faz-se vã a cinemática de ardis e subterfúgios-pássaros:

Ainda que o meu conhecimento passe deveras ao largo,

Domina-me os pensamentos a voz do sol do fracasso.

Sinto a sinestese do desconsolo

Emanar-me do córtex,

Afluindo e copulando os poros

A fim de que possa infectar

Todos os vãos-átomos do meu corpo sorumbaticamente apático.

Depois, o que me sobra é a febre, a hemorragia do regozijo sonhado,

O sádico segredo, o etéreo cansaço:

A fragrância de vácuo, enfado, maresia, abismo, ataúde e ferrugem

Põe um véu de energia estática

Sobre a massa encefálica,

Deixando o sabor de azedume

Prostrado na língua, na lúgubre arcada dentária

De quem --- assim como yo ---

Não entende nem aprisiona

A semântica do predicado

Da poesia elementar, plástica, mineral, harmoniosa

Que aflora do voo das garças, falcões, corujas,

Albatrozes, águias, gaviões, Gaivotas!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

JESSÉ BARBOSA
Enviado por JESSÉ BARBOSA em 30/04/2009
Código do texto: T1567944
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