O Tempo...
O tempo passa mui depressa, absoluto senhor de si mesmo,
E leva consigo fragmentos de nossa força,
Rouba-nos a juventude,
Derruba-nos do apogeu,
Faz-nos impotentes, amiúde!
Deixa-nos uma vida de experiência,
Conformamo-nos com a vida já vivida;
Chegam-se os dias que não mais nos contentam, falta-nos guarida,
Oh! É uma bela barganha: a experiência pela adolescência.
A vivência pela vida,
Se me desses a regalia da escolha,
Optaria mil vezes pela juventude, sem titubear,
Antes que a senilidade me colha,
E a vida se esvaia,
Sem o ínfimo pesar.
Lembro de minha majestosa infância,
Sonhava chegar aos meus dezoito anos,
Para esse dia, fazia mil planos,
Eras utopia, mas eras tão certo,
Como o ar que respiro: o tempo chegaria!
Chegou. Impávido, trazendo consigo conquistas inefáveis,
E quando dei conta, como um raio, sorrateiramente sumia,
Foi-se, sem ao menos despedir-se,
Meus dezoito anos, agora, eram quimera, utopia,
Que jamais nessa vida veria.
Assim é o tempo,
Passa, não dá um lapso para reflexão,
Deixa-nos estagnes, sem alento,
E sem que percebamos, nos dá o golpe final, faz a troca:
A experiência pela adolescência.
A vivência pela vida.