O Tempo...

O tempo passa mui depressa, absoluto senhor de si mesmo,

E leva consigo fragmentos de nossa força,

Rouba-nos a juventude,

Derruba-nos do apogeu,

Faz-nos impotentes, amiúde!

Deixa-nos uma vida de experiência,

Conformamo-nos com a vida já vivida;

Chegam-se os dias que não mais nos contentam, falta-nos guarida,

Oh! É uma bela barganha: a experiência pela adolescência.

A vivência pela vida,

Se me desses a regalia da escolha,

Optaria mil vezes pela juventude, sem titubear,

Antes que a senilidade me colha,

E a vida se esvaia,

Sem o ínfimo pesar.

Lembro de minha majestosa infância,

Sonhava chegar aos meus dezoito anos,

Para esse dia, fazia mil planos,

Eras utopia, mas eras tão certo,

Como o ar que respiro: o tempo chegaria!

Chegou. Impávido, trazendo consigo conquistas inefáveis,

E quando dei conta, como um raio, sorrateiramente sumia,

Foi-se, sem ao menos despedir-se,

Meus dezoito anos, agora, eram quimera, utopia,

Que jamais nessa vida veria.

Assim é o tempo,

Passa, não dá um lapso para reflexão,

Deixa-nos estagnes, sem alento,

E sem que percebamos, nos dá o golpe final, faz a troca:

A experiência pela adolescência.

A vivência pela vida.

William Gonçalves dos Santos
Enviado por William Gonçalves dos Santos em 24/04/2009
Reeditado em 16/06/2009
Código do texto: T1558220