Escrevo Errado
Porque tentam tanto corrigir-me quando escrevo
A concordância de meus escritos pode até ser vergonhosa
Mas ainda sim meus sentimentos são sinceros
Como hão de me dar lições de gramática
Se meu coração nem sabe em qual idioma palpita
Outros poetas podem dizer-me que pareço niilista
Mas o dualismo me encanta, adoro os extremos
Vou do amor ao ódio, num segundo ou numa vida toda
E assim me perco nos ponto-vírgulas e crases
Nos pronomes, nos sujeitos aos quais me sujeito
E aos verbos que tomam forma sem que eu sequer perceba
Escrevo então, sem preocupar-me com o que escrevo
Escrevo só por escrever, diga você que estou errado
E te perguntarei quantas vezes faz uma análise ortográfica
Quando seu coração diz que ama, ou que odeia?
Sentimento não se apaga com corretivo ou borracha alguma
Ele grita e eu apenas escrevo
Chame então meu coração de analfabeto!