AINDA MAIS VIVO!

Certas veredas inverteram o sabor!

Nestes caminhos muito se desbotou, ou melhor,

Radicalmente mudou de cor...

Certos amores, determinados humores,

Outrora animados passeios ao calor

Aquela gostosa espera pelo fim da tarde

Nada mais disso arde como ardia dantes...

Não desapareceram por completo

Mas certamente tomaram outro lugar,

Um lugar não menos importante

Porém numa diferente prateleira

De minha emocional estante...

Consciente disso, me pergunto:

Onde anda aquela quadrilha de pimentões mutantes

Que incendiava minha língua em poucos instantes

Exasperando-me em desencontrados ataques

Quando percebia inéditas sensações a desfilarem

Frente aos meus olhos delirantes?

Isso tudo se alterou! Não os entes em si

Animados, inanimados, com ou sem alma,

Estes em essência continuam os mesmos...

O que se transformou

Foi meu particular entendimento do mundo

E da forma como a Terra gira em torno de mim

Bem como os determinados acontecimentos

Que gerados nesta esfera, se criam...

Esmaeci bem ajustado e, neste desfalecer,

É que pude resistir, ainda mais vivo...

É apenas internamente que renasço!

E, deveras surpreso com a eternidade,

Resolutamente reordeno os cacos

Desse universo subalterno que emana de meu seio!