CARTA PARA MIM
Não preciso que me digas onde erro,
os defeitos que tenho eu bem sei,
se finjo que não os reconheço e os nego,
é mais um dos defeitos que não revelei.
Não me importo se sou apenas um espaço
ou corpo vago, ou massa no universo.
Se sou plástico, carcaça, vidro, aço,
se sou ou não material reciclável,
se patético é o meu jeito de apenas ser,
sou eu que escolho o meu modo de viver.
Se no céu a lua se esconde
ou o sol resolve não aparecer,
sei ser imaginária a linha do horizonte,
fito-a tentando me esquecer.
Não me vejo, não me sinto, não me toco,
desculpe, mas não tente me entender.
Se sou ignorante, culta, rica, pobre,
branca, negra, esnobe ou nobre;
não importa, eu não sou o ideal ,
também nunca eu o quis ser.
Cada momento não é o momento certo,
é incerto todo dado parecer.
O diagnóstico estando ou não correto,
Grito ou calo quando o desejo fazer.
Deixe-me comigo viver!