*GASTEI O TEMPO*

Assediando o frágil pensamento
Em meio à turbulência das águas
Tentando reter a corrente, frágua
Da fornalha que queima, desalento...

No cerco, que delimita o caminho
Criei garras, arei a terra ressequida
Adubei a semente, que desprovida
Desfolha-se ao menor redemoinho

Plantei a árvore no meio do deserto
Colhi o fruto mais doce e pressenti
O sabor da luta, ávida eu corri
Pra catalogar na página o incerto

Dedilhei no teclado a emoção cara
Da rima pobre temática rara
Fiz do lirismo poemas imperfeitos
Do meu tamanho, dos meus defeitos

Aqui é minha casa, portas abertas
Na tela, emoldura palavras vivas
Rasteja o coração carente de vida
Que não fiquem no tempo desertas

Sonia Nogueira
Enviado por Sonia Nogueira em 18/04/2009
Código do texto: T1546587
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