DIGA-NOS POR QUÊ ?

DIGA-NOS POR QUÊ ?

Juliana S. Valis

Por que nem sempre se pode viver apenas da arte e da poesia ?

Porque a poesia alimenta a alma, mas não paga as contas

Nesse mundo cruel e materialista, onde a fria

Memória das máquinas mistura-se ao sistema sem pontas

Do consumismo desenfreado que apenas distancia

A grande maioria que sofre e a minoria, com malas prontas,

Rumo à efêmera fortuna que paga o luxo da inconstante euforia...

E diante de cada injustiça, você pergunta: por quê ?

Mas nada responde ou resolve o dilema de tudo !

A jornada humana é tão curta, de fato, e você

Também questiona o "porquê" desse grito tão mudo ?

Então, aflito, o enigma desce lentamente as escadas

Entre os níveis de respostas que só nos deixam confusos,

Entre a paz e o conflito, nos passos sós das calçadas,

Nos labirintos das ruas, entre mil parafusos,

Entre bilhões de palavras, pela vida, espalhadas,

Como emoções e versos, misteriosos, sós e obtusos...

Ah, céu, diga-nos o "porquê" de tanta estupidez !

Por que os dons das pessoas não são igualmente valorizados ?

Por que os bons indivíduos sofrem tanto com a insensatez,

Enquanto os "reis" da corrupção são até escoltados ?

E o pranto pergunta: por que não podemos viver de nosso dom ?

A poesia e a arte dos novos nem sempre pagam contas do mundo,

Mas trazem, no fundo, a sensação de fazer algo bom,

De fazer algo impagável, criativo e humanamente profundo,

Entre o silêncio da mente e a velocidade do som.

Juliana Silva Valis
Enviado por Juliana Silva Valis em 18/04/2009
Reeditado em 19/04/2009
Código do texto: T1546203
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