Melancolia
Olho através de uma janela,
do outro lado minha alma,
numa imagem que não posso alcançar.
Sonho com um campo através de um ramo seco,
até sinto o cheiro da natureza no ar
num aroma de um perfume que lá não há.
Almejo um amor na palavra de uma página,
e o vivo, tanto quanto é intenso na tinta
de um coração que o fez declarar.
Desejo a vida em minha veia transitar,
e ela nos arredores de secretos caminhos
daqueles por onde não hei de andar.
Sangro pela paz no meu rosto de criança,
vinda de uma pequena lembrança,
de algo lá que não vai voltar.
Procuro a mim num reflexo turvo,
como água que nunca vai descansar,
como a orla que fica somente a admirar.
Vejo o fim tão próximo eu o vi,
lá sempre esteve enquanto vivi,
impresso na pétala da flor em que nasci.
Quebro o silêncio do meu âmago,
Rompendo o que me impede de sorrir,
A melancolia da palavra impressa aqui.