pra você não acreditar
precisamos ver
o homem e a mulher
destituídos de todos
esses apetrechos existenciais,
sociológicos, religiosos,
metafísicos, esotéricos,
holísticos, oníricos,
o id, o ego, o super ego,
o eu interior, o falso eu
o eu subjacente,
o consciente, o inconsciente,
a mente (que sempre achamos que mente)
deixar tudo isso de lado
botar o homem e a mulher
inteiramente nus
nos abstraindo de tudo
o que de fato criamos
pra nos divertir e incomodar
ou pra pouco sorrir
e pra muito chorar
deixando apenas fluir
a natureza instintiva do animal
que, quanto mais (aparentemente)
irracional, melhor
sobraria o quê?
a capacidade solidária, afetiva,
protetora, aconchegante da mãe
(filhote de hipopótamo
adotando a tartaruga gigante
como a real genitora,
a cadela amamentado os gatinhos
como seus bebês biológicos)
e o espírito guerreiro,
desbravador, conquistador
e procriador do pai
apenas isso, tudo o mais
não passam de anomalias
sem graça que inventamos...
Rio, 06/04/2009