EU
Eu tenho em mim muitas verdades
Eu tenho em mim muitas mentiras
Eu tenho em mim muitas saudades
Mas tenho em mim presenças vivas
Eu tenho em mim suavidade
Eu tenho em mim certa malícia
Eu tenho em mim ferocidade
Mas tenho em mim o dom da carícia
Eu tenho em mim profundidade
Eu tenho em mim a superfície
Eu tenho em mim certa vaidade
Mas tenho em mim muita agonia
Pela miséria que vejo ao meu redor
Pela carência que percebo emanar
Pelo insensível que me causa horror
Por não saber quando ele irá mudar
Pelo poder que parece não sentir
Que os seres, todos nós, somos iguais
E o que o silencio pode sugerir
As íntimas insurgências potenciais
Então eu penso se minha empreitada
De pensar e que me conduz a analisar
O poder que estabelece a realidade
Não está em rebeldia a se transformar
E me lembrando que eu sou o poder
Porque sou parte de um enorme conteúdo
Que certamente seu momento vai ter
De levantar-se e libertar seu mundo