COMPULSÃO
COMPULSÃO
Chega o desejo...
Compulsão por comprar,
Telefonar,
Amar,
Chorar,
Conquistar,
Namorar,
Fumar,
Matar.
Chega o medo...
A solidão,
Vontade de vomitar,
Exibir,
Iludir,
Mentir.
Chegam as alucinações...
Os cheiros são estranhos.
Vontade de viver novos riscos,
Adrenalina, paixões.
Chega a noite
E com ela a vontade de sair,
Ouvir música, muita música,
Se exibir, cantar, cantar.
O dia amanhece
Alguns amigos se drogam...
E eu guardo rancor.
Mas, e a vontade de sexo?
Fazer sexo.
Onde está?
Mais um dia...
Chega a depressão.
Vontade de não ver luz,
Nem de ouvir som,
Nem de comer chocolate.
O jogo da auto desqualificação.
Não quero beber
Nem quero fumar
Não quero alegria
Festas
Amigos
Depois chega a carência...
Quero novamente comprar...
Comprar roupas,
Sapatos, livros, anéis, maquiagens.
A mania volta.
Mas, como sair?
Como sair sozinha?
Como entrar em um ônibus e sair sem pensar em tragédias?
No risco que é a vida.
Chega a idéia capitalista.
Dinheiro.
Dinheiro para comprar,
Dinheiro para se tratar,
Dinheiro para estudar.
A compulsão momentaneamente está morando em mim.
Às vezes, ela aparece, surgi, me transforma, me engrandece.
Em outras me sufoca, desfaz tudo que construo e continuo nesta árdua luta de liquidar os meus erros e estimular as minhas melhores compulsões. Compulsões de amar, ler, escrever e sonhar.
ANDRÉA ERMELIN
02 de Abril de 2009
Salvador-Bahia/ Brasil