COM O ONTEM AINDA DIURNO NA MEMÓRIA
Ouço barulho de mar ali ao longe:
Ele é a ressonância duma saudade insone.
O mar --- ao ler manhãs ---
Aquece sobejadamente a alma,
Por dissabores, desenganos, amargura, flagelos e chagas,
Integralmente lancinada.
As imagens que suscitam a extática contemplação
Orvalham um sinestético mosaico
De orgânicas paisagens,
Ancoradas no pleno afã de orgasmos da fascinação
Que residem na frenética dinâmica do ciclo dos indeléveis verões:
De fato, são esperanças que aguardam
Sequiosamente a exposição
Da indomável cinemática das águas,
Personificada pela contínua sessão
De onipotentes e radiosos vagalhões
Cuja rijeza açaima toda e qualquer sombra de acomodação.
Ouço barulho de mar ali ao longe:
Parece ser tão vívido, estar tão próximo
Que quase me transformo
Numa enlevante catarata de lágrimas incessantes:
Oceano fluindo sem represa nem paragem. É o
Sol do H2O selvagem qual irrompe da verve
Como aurora emocionada:
Aquântica órfã de agrimensura, de estremaduras,
De estafetas que portem, na fala,
O amor pela calorosa e balsâmica enseada.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA