Empreitada
Vai! Como a estrada a penetrar as densas matas
Como invasor de vastos verdes e clareiras
Onde a natureza rega e desabrocha
Onde a luz inunda a terra e os riachos
E onde as águas dos lagos o céu refletem
Vai! Mostra teu espírito de recruta sem medida
Mostra o caminho que desfaz na tua vida
Mostra a corrida que tu já saíste a frente
Esperes nada, nem ninguém, meu bem
E não se prenda a pessoas ou lugares
Vai! Que os teus pés não foram feitos para esse solo
E nem cabeças foram feitas para o teu colo
E nem as bocas foram feitas para a tua
Que dos teus lábios sairão grandes discursos
Que de verdades convencerão a mim e ao mundo
Vai! Mas não te traias pelo vão primeiro afago
Nem pelos rostos tão bonitos ao teu lado
Que esse fado há de carregar contigo
Pois de um sorriso não se faz um belo par
E tu não foste concebida para amar
Vai! Não te preocupes em decepcionar os outros
Que o que esperam de ti é muito pouco
É muito menos do que tens para nos dar
Que nunca foste uma pessoa mediana
Que te odiaram ou te amaram plenamente
Vai! E não se volte a esse ponto pífio e pobre
Que não há um que te valha a volta no pescoço
Pois é um brilho ofuscado por teu meio
Vai! E não te deixes corromper como já um dia
E quando alguém sentir saudade de teu seio
Há-de gritar, então, teu nome à ventania