SOB AS PORTAS

Agora que as portas se fecharam

E a visão daquilo que alegrava

Não se pode mais ser enxergada

E estabelecu-se os limites, entre o querer e poder

Quem está fora não entra

E quem está dentro, não queira sair

O que restou então?

As frestas e as réstias

Que agora acendem na memória

Como a fraca luz de uma lamparina.

Que o vento serpenteia, querendo seu fogo apagar

E as vezes acho que irá conseguir.

Mas insisto em mantê-la acessa.

Pois ainda que fraca, me guia

E me conduz nesta escuridão

E me traz o que restou de esperança

De quem sabe abrir novamente

As pesadas portas desse medo que me trancou

E deixou pra fora a tal felicidade

Que a ouço bater, mais não tenho forças

Pra escancarar esta porta

E isso a impede de entrar

Como que se decretado estivesse

Felicidade aqui não pode entrar.

Mais ainda olho pelas frestas

Por debaixo desta porta

Existe uma luz, que aumenta

E um dia sua intensidade

Talvez derrube este obstáculo.

Então saberei ser feliz