ESQUADRINHANDO A INSÔNIA

Vagando por entre

Os subsolos da mente,

Percebo o quão virgem

É meu olhar sobre a cromática

De mim mesmo e do mundo:

Sim, quando se trata,

Principalmente,

Do seu viés subjacente

Qual aflora dos âmagos-pomos,

Responsáveis por fazer parir

O firmamento azul-escuro

Como se fosse tomado

Pelo arrebol do desejo

Do profundo descobrimento,

Eu descortino uma miríade

De relegadas paisagens,

Confinadas no calabouço

Dos livres pensamentos.

Então,

Ao penetrar na sua infinita e opulenta câmara,

Mergulho no mar do quase silêncio:

Uma vez dentro dele,

Contemplo a túnica da calma

Camuflar o lancinante drama

Que emana do vislumbre

Da imagem de pessoas

Á margem da alegre e jocosa aurora:

Apagadas á bala e com testemunhas mudas;

Ou agasalhadas pela frieza do relento

Cuja impiedosa fonte pulula da empedernida rua.

Uma vez dentro dele,

Fito, nitidamente,

A elisão da humanidade:

Mulheres e crianças

Sendo tratadas

Ou sobrevivendo

Como um suculento pedaço de carne.

Uma vez dentro dele,

Sinto o sabor acerbo do plasma

Que irrompe da mortífera

E cibernética prole da pólvora

E inunda toda a Inócua, Incauta, Prosaica, Pacífica Flama

Tapeçaria Meso-Asiática, Maometana!

Uma vez dentro dele,

Fixo o olhar

No mais profundo

Âmago de mim

E vejo a acre pele de desencanto

Ou sáfara exacerbada

Recobrir-me a aura.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

JESSÉ BARBOSA
Enviado por JESSÉ BARBOSA em 29/03/2009
Código do texto: T1511844
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