Indignação / Procura-se um poeta!
Estou cansada de ver Vinicius falsos em corpos fajutos,
De tantos Quintanas e tantas Bandeiras que tapam os olhos,
Gullares? Já nem conto mais... Todos são réplicas do presente.
O passado mais distante têm-se 'inda nos dedos, que sujos
procuram verdades e mentira por de trás dos bailes...
A vida torna-se apenas uma cópia inexistente de exência;
Não aguento mais ver Moraes apaixonados!
Ferreiras putos e indignados! Ultra-Românticos chorosos
Em sua eterna e lacrimosa solidão... Asquersos pseudo-poetas!
Eu quero sim a poesia, dos mortos e dos vivos!
Mas quero vivos que vivam de verdade, não mais figuras da vaidade,
Da métrica e da retórica que morreu no século passado.
Estamos no ano da inexistência.
Procura-se um Poeta, um poeta de verdade
Que tenha na alma a marca cósmica da eternidade
E não mais figura fria e aparente de versos escritos.
Há ainda de existir tal figura? Ou és apenas quimera
Ilusão vã da minha conjuntura? PROCURA-SE UM POETA!
Vivo, não morto! Que ande e fale como a gente,
Que respire e escarre o ódio e o amor dos tempos...
Que seja eterno em sua finalidade humana!
PROCURA-SE UM POETA! Um dia há o mundo de o achar?