Indiferenças
Vivo resistindo à prisão que me impõem
Esquivando da solidão
Nessa morte lenta que me rodeia
E ascende à luz na escuridão, indiferença.
A paixão de mim que não se efetiva,
aqui,
Quando me ignoram, por fim.
Tão importantes, pessoas,
Quanto mais se afastam
Menos são, mesmo sendo,
Tão importantes pessoas.
Abstraio em demasia e viajo para fora dessa prisão
Que me corrói lenta
Na multidão que me assola
Num ritmo confuso e desenfreado.
Sinto-me perturbado pelas relações conturbadas
que me confundem...
Despeço-me da vida açoitado por mim mesmo
Pela indiferença dos meus
A cada instante, em cada palavra,
que guardo na estante do meu próprio pensamento
sem exteriorizá-lo
Já que indiferença,
descobri,
Mata!
De morte sofrida e lenta
Com olhos abertos e cheios de lágrimas
Sem colo, sem mimo.
Sinto-me, a cada instante, frustrado pela própria vida
Pelas vias que se tomaram
Na partida de mim mesmo
Partido, dissimulado, fragmentado
Falido no meu próprio ninho
rejeitado por vidas minhas
Por minhas vidas.
Mesmo assim, sinto-me aprisionado.
Mas, diferente de Prometeu
Não tenho certeza de nada.
Vivo, sempre, sem dó e sem medo
resistindo à prisão que me impõem.
Do alto por baixo
Sem fim,
Nessa solidão fria
Das noites que passo acompanhado pela poesia
daquilo que me resta de vida...