Limão Cravo.

Limão Cravo.

Do lado esquerdo do meu coração,

apalpo um sonho encantado em mim.

Ao fundo,

pintada de branco, a porteira em madeira,

separa o quintal da menina

que canta, sem eira , nem beira.

Abre a taramela afinal.

Alma em versos de alegria, assovia.

Bate latas, bate palmas, pendurada, é só balanço,

que viaja verdes campos, doce canto voa e corre pro quintal.

Na cozinha, encontra a nona.

Larga tudo para os beijos,

pros afagos apertados,

terna em riso, revisita seus desejos.

Seus barrados de crochet,

brancos quaram no jardim,

rodeado de canteiros,

rosas, cravos e jasmim.

Sobe a escada bem solene,

que parece estar indo

doce oferta, no altar depositar.

Luz aquece na lembrança,

limoeiro, faz-se cravo.

Que delícia, na sacola,

enche os olhos o seu cheiro,

sumo exala doce ar.

De presente vem memória,

tachos doces, fruta pão,

uma infância, uma escola,

Canta os sabores, odores,

transborda a boca em saliva

Que delícia de limão!

Gaiô.