Apoteose
Estática com a caneta na mão eu debrucei os cotovelos no balcão.
E como se mantida sob hipnose, me deparei com uma magnifica apoteose:
Um olhar enigmático e declina, um fio de seu cabelo na pele fina.
O seu rosto inexpressivo atua, ludibriando os tantos curiosos pela rua,
Ninguém que a olhasse poderia decifrar, o tal mistério que ficou no ar...
A lua alva em seu corpo tateia, como brilhantes escamas de sereia,
Ao véu noturno cintilando a luz, cantando odes que ao mar conduz.
No monte a névoa tentando esconder, que é chegada a hora do alvorecer.
Mas o sol irradia e a noite finda, tornando a bela face ainda mais linda...
Orvalham as folhas em sua devoção e á seus pés se curva toda a criação,
A natureza exala o cheiro da manhã e sua boca um doce hálito de hortelã.
Perguntei-me, que ser neste universo imenso, teria em si perfume tão intenso?
Um retrato tão perfeito não pode ser humano
e assim a vi partir caminhando sobre o oceano...