Fuja Poeta.
Fuja! Oh poeta.
Corra às alvas colinas
Viva à noite aberta
Ame a todas as meninas
E não se dê por oferta
Que se encontra nas esquias
Fuja em lombo
De animal veloz.
Não sujo como pombo
Nem engraçado como albatroz.
Vá, mesmo no perigo do tombo,
Não ouça a nenhuma voz.
Fuja para além das montanhas,
Não ouça o niilismo das cavernas,
Nem se alimente das próprias entranhas.
Sempre dê ordem as pernas
Não dê ao acaso coisas tamanhas,
Qual a chuva da água às cisternas.
Fuja triste poeta,
Das mentiras da rima torta
O do poema em linha reta
Que faz em instantes morta
Qualquer vontade concreta
Que foi bater em sua porta.
Fuja menestrel errante
Não há mais feudo seguro,
Nem aqui, nem adiante.
Cabe a ti enxergar no escuro
E se salvar do comediante
Que conhece todo futuro
Fuja é só o que te digo
Como fugiram, pelo caminho
Da loucura e do ópio, amigo
É no doce gole de vinho
Que se foge do perigo
De se estar lúcido e sozinho.
Fuja, fuja, fuja
Incansavelmente repito a ordem
De se evadir esta vida, cuja
Incessantemente mordem
Com a boca mais suja,
Contaminando a tudo que podem.