Fuja Poeta.

Fuja! Oh poeta.

Corra às alvas colinas

Viva à noite aberta

Ame a todas as meninas

E não se dê por oferta

Que se encontra nas esquias

Fuja em lombo

De animal veloz.

Não sujo como pombo

Nem engraçado como albatroz.

Vá, mesmo no perigo do tombo,

Não ouça a nenhuma voz.

Fuja para além das montanhas,

Não ouça o niilismo das cavernas,

Nem se alimente das próprias entranhas.

Sempre dê ordem as pernas

Não dê ao acaso coisas tamanhas,

Qual a chuva da água às cisternas.

Fuja triste poeta,

Das mentiras da rima torta

O do poema em linha reta

Que faz em instantes morta

Qualquer vontade concreta

Que foi bater em sua porta.

Fuja menestrel errante

Não há mais feudo seguro,

Nem aqui, nem adiante.

Cabe a ti enxergar no escuro

E se salvar do comediante

Que conhece todo futuro

Fuja é só o que te digo

Como fugiram, pelo caminho

Da loucura e do ópio, amigo

É no doce gole de vinho

Que se foge do perigo

De se estar lúcido e sozinho.

Fuja, fuja, fuja

Incansavelmente repito a ordem

De se evadir esta vida, cuja

Incessantemente mordem

Com a boca mais suja,

Contaminando a tudo que podem.

Dreamer
Enviado por Dreamer em 26/03/2009
Código do texto: T1506949
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