Resíduos de João e Maria.
Resíduos de João e Maria.
E fiquei pensando em Drummond,
“Resíduo”, que eu declamava nas madrugadas,
em meu tempo de juventude...
De tudo ficou um pouco,
Do meu medo, do teu ser delicado,
educado, sustentado em atitude.
Dos sustos mudos, do olhar inquisidor, que horror!
De gente que nos cobrava e assustava,
e que hoje em nada mais nos restou.
Da rosa ficou um pouco.
Ficou um pouco do cheiro captado no teu lenço,
Nos olhos do meu amor, de ternura ficou um pouco. (não tão pouco)
Coração aos pulos, mãos suando, só de te ver.
Da rosa ficou um pouco, em cada flor que hoje ganho.
Pouco ficou da lembrança,
das dores, do sufoco, de tudo que magoou.
Poucos véus que nos velaram, a alma, os sorrisos, nosso canto,
pouco, pouco, muito pouco.
Mas de tudo ficou um pouco.
Da varanda na casa da nona,
do jardim da praça da Igreja,
das noites de baile ao luar,
no Clube, na Associação.
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E eu diria...
Pois de tudo ficou um pouco...
Ficou um pouco de meu queixo,
no queixo de minhas filhas.
Numa os olhos, na outra a boca
E na outra ainda, meu jeito de engraçado,
um pouco também ficou...
Se de tudo fica um pouco,
por que não ficaria nelas,
um pouco também de mim?
E se de tudo fica um pouco...
Ó! Abre os vidros de perfume,
pra eu lembrar o cheiro bom da memória...
De lembranças...
de um tempo de juventude, que em tudo me acompanhou...
De tudo ficou um pouco,
das brincadeiras de escola, dos colegas,
Dos amigos, dos sorrisos furtivos,
na captura de sonhos alados
que eu buscava ao teu lado,
A primeira e única namorada,
Tão amada.
Nossa escola, o ginásio, nossas festas,
nossos bailes, de tudo um pouco ficou...
Dez anos de namoro, nossa história,
com projetos e alicerces, de vida,
mesa posta, posta a Vida, familiar,
amor bem cuidado, como flores delicadas,
De tudo um pouco ficou...
Nossas filhas, bela infância, que jornada!
Convivência amorosa, toda prosa.
Pouco... mas um pouco tão intenso,
enche o coração da gente,
Feliz por ter construído,...
Do que de tudo,...
ficou um pouco...
GRACIAS A LA VIDA!
Gaiô.