Quem Sabe Um Dia...

“Queria eu poder entender as monções, as desavenças da natureza, o desencontrar das águas;

Queria eu poder entender o furor das tempestades em seu âmago, o pulsar incandescente dos vulcões, a expressão de fúria de um tufão;

Queria eu poder entender o bramir das águas inquietas de um oceano, seu rugido imponente, o reflexo das luzes solares em seus espelhos;

Queria eu poder entender a fúria presente nos maremotos , movimentos enraivecidos dos mares, saber como eles, os terremotos, estrondosos movimentos da mãe-terra se originam.

Ah como eu queria, poder entender o brilho das estrelas, contá-las, vê-las nascer;

Enxergar nas supernovas a esperança de renascimento, de tão lindos astros, esplendorosas criações;

Ah como eu queria poder entender o pairar no ar de um beija-flor, o canto dos pássaros que encantam a mangueira de meu quintal em todas as manhãs;

Queria muito entender o orvalho, a relva molhada, o cheiro de terra, tijolos molhados após uma chuva de verão;

Queria entender o pôr-do-sol na pedra do Arpoador (Lindo), o barulho das águas a golpear as rochas sob meus pés ali...

E aquelas águas de Angra? Tão límpidas, que se pode enxergar a alma do oceano...

Queria eu entender a alma humana, seus desejos, anseios, afinidades, vontades, sua busca constante...

Entender o que se passa em sua mente, conhecer seu coração, seus porquês, sua questões...

Seus descontentamentos, suas injúrias, lamúrias, medos, temores, suas tristezas, infortúnios... Mas acima de tudo, sua força de vontade, sua gana, sua paixão, a astúcia no labor diário, seus medos...

Queria eu poder entender seu coração... Sua tríade, sua fé...

Tudo isso eu queria, mas não posso, não sou uma consciência coletiva, penso por mim, e nem mesmo a mim me entendo...

O querer entender é louvável, é plausível, porém ainda não palpável, possível...

Mas prossigo na tentativa, insisto, persisto, não desisto, pois creio que seria de todo interessante se toda a humanidade também pensasse assim, afinal, somos filhos desse mesmo chão, dádiva do Pai celeste.

Sim eu queria, como queria poder entender a natureza e seu criador, bem como o homem que pode ser seu mantenedor ou destruidor, mas... Isso não é possível, ao menos não ainda.

Quem sabe um dia possamos dividir esse desejo, esse anseio, esse anelo singelo...

Quem sabe um dia possamos entender o mal que fazemos a nós mesmos ao não cuidar de nossas águas, fauna e flora, que outrora tão belos eram e ainda podem ser...

Quem sabe um dia possamos NOS entender...

É...

Quem sabe um dia...

Pablo Victor
Enviado por Pablo Victor em 23/03/2009
Código do texto: T1501489
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