Movimento


É noite.
Há sono e sonhos
de musas e ninfas
na Era de Eros.

À janela, o vento cantando
ninando... ninando...
a inanição viva de um corpo
que se move num compasso orgânico,
de um rosto sem riso, sem pranto,
da mão que guarda o gesto inexpressivo.

Na calçada, ouve-se que a madrugada
silenciou alguns ruídos.

A magia desta quietude
poderia conduzir-nos,
pela imaginação,
desta rua para a lua,
sem o voo do besouro metálico
que reduziu a equação 
toda  poeira de poesia, o prateado refrão .

Por enquanto, tudo se resume 
a rotação e translação.
 
Flávia Melo
Enviado por Flávia Melo em 14/03/2009
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