Ação da Vida

O juiz, todo sisudo,

Julgou improcedente

A causa da Vida.

Dona Vida, mulher já de idade,

Argüiu em defesa

Seu jeito de ser.

Disse que era fogosa

Desajeitada, mas de bom coração.

Indeferido.

Dona Vida não quis nem saber

Pleiteou um recurso

E partiu sem temer.

Dessa vez foi mais ardilosa

Fez-se de fraca, morosa,

E as pitangas chorou.

Contou mil peripécias, mas,

Na hora, a testemunha embargou.

Indeferido.

Agora, a muito custo,

Outra vez levantou

Outra instância amargou.

Dessa vez foi sincera

Contou sua tragédia

E pareceu convencer.

Mas por voto unânime

Não pôde vencer.

Indeferido.

- Dona Vida foi condenada à pena de morte,

Seu único crime:

Viver.

Aleixo Prístino
Enviado por Aleixo Prístino em 08/03/2009
Código do texto: T1475128
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