As mãos

Com as mãos eu faço tudo

estejam ásperas ou de veludo

Com as mãos eu faço tudo,

comunico até com o mudo.

Ameaço ou suplico,

incito e encorajo,

ralho ou apaparico,

agradeço ou reajo.

As mãos servem para pedir,

exigir ou recusar,

mas também p’ra aplaudir

o que for p’ra melhorar.

Servem p’ra marcar presença,

construir e trabalhar,

resolver a desavença,

perdoar e até beijar.

Servem para conceder,

absolver, acusar,

teimar e até esconder,

mexer, remexer, apalpar.

Servem para amparar

e proteger do engano,

punir ou abençoar

e repelir o tirano.

Servem para repartir,

fazer rir e consolar

servem p’ra destituir

e até mesmo para coçar.

Matam ou mandam matar,

destruir e arrasar,

até servem p’ra roubar

se o desatento deixar.

Servem p’ra tocar guitarra,

escrever o que a alma diz,

gesticular, fazer farra

e até assoar o nariz.

Servem p'ra enxugar a lágrima,

e pentear o cabelo,

remar pelo rio acima

ou passar a mão no pelo.

Com as mãos posso rezar,

realizar tudo no fundo,

só não consigo acabar

com a maldade no mundo.

Gaspar Silva
Enviado por Gaspar Silva em 01/03/2009
Reeditado em 02/03/2009
Código do texto: T1463119