CADA VEZ QUE VIAJO

Parto

De um lugar comum

Que é o meu

Para sítio nenhum

Onde vou algo encontrar

Algumas vezes previsível

Outras

Meramente invisível

Um passo no escuro

Ou na mais intensa iluminação

Parto sempre com mágoa

Porque deixo os que aqui estão

E a terra que me viu nascer

E ser aquilo que hoje sou

A saudade vai na bagagem

Independentemente do local para onde vou

Dado eu amar o que deixe

E ainda mais amar o desconhecido

Embora me encolha perante ele

Como se pudesse ser um obscuro destino

E às tantas ponho-me a imaginar…

E se eu partisse para as estrelas

Não sabendo se pudesse voltar

E se eu partisse

Sempre para junto de algo que eu amo

Será que este nervosismo

Ia ser como no presente meu amo?

Que nunca me deixa partir de cabeça levantada

E sem olhar para trás ou para o meu lado

Raramente para a frente

Dado que construo o meu futuro

Sempre a pensar no passado

Por isso gosto de imaginar

Locais e paisagens

Onde nunca hei-de estar

Pois o mundo virtual

É aquele em que realmente gosto de estar

Partida sempre perdida

Mesmo quando eu ganho

Estranha forma de ser que se revela

Cada vez que viajo

Poema protegido pelos Direitos do Autor