Alucinógeno
Eu sou uma vítima de meu tempo
O sangue que flui na floresta
O doce que flui na veia do mais adorável monstro
Um produto de minha idade
Eu sou o nada e o tudo ao mesmo tempo
O amargo que adoça a boca
A droga alucinógena, o desejo
Um sonho de quem anda acordado
A culpa de eu ser o mau não é minha
A verdade é a falta de verdade
O espelho me mostra o que há de mais divino
Meu sofrimento mostra o que sou
É ver aquela coisa pura e limpa, perfeita
E por ser tão perfeita, ter vontade de usufruir
Dessa perfeição, dessa divindade, saborear-se com ela
Mesmo sabendo que assim irá estraga-la
Esse é o monstro que há em mim
Ele é uma semente que cresceu em minha alma
Essa é a raiz da metade de mim
E eu não consigo arranca-lo fora
Eu sou uma vítima da minha alma
O choro mais puro da criança
A culpa do mais sedutor assassino
O demônio com asas de anjo
Eu sou o infinito e o imortal
Que morre aos poucos dentro de si mesmo
Eu sou o desejo do pudor mais antigo
Condenado a sonhar, sendo o pesadelo.