Alucinógeno

Eu sou uma vítima de meu tempo

O sangue que flui na floresta

O doce que flui na veia do mais adorável monstro

Um produto de minha idade

Eu sou o nada e o tudo ao mesmo tempo

O amargo que adoça a boca

A droga alucinógena, o desejo

Um sonho de quem anda acordado

A culpa de eu ser o mau não é minha

A verdade é a falta de verdade

O espelho me mostra o que há de mais divino

Meu sofrimento mostra o que sou

É ver aquela coisa pura e limpa, perfeita

E por ser tão perfeita, ter vontade de usufruir

Dessa perfeição, dessa divindade, saborear-se com ela

Mesmo sabendo que assim irá estraga-la

Esse é o monstro que há em mim

Ele é uma semente que cresceu em minha alma

Essa é a raiz da metade de mim

E eu não consigo arranca-lo fora

Eu sou uma vítima da minha alma

O choro mais puro da criança

A culpa do mais sedutor assassino

O demônio com asas de anjo

Eu sou o infinito e o imortal

Que morre aos poucos dentro de si mesmo

Eu sou o desejo do pudor mais antigo

Condenado a sonhar, sendo o pesadelo.

JHM
Enviado por JHM em 27/02/2009
Código do texto: T1460882