NADA PARA DIZER

Sem muito querer,

Escrevo alguns prazeres.

Sem querer escrever,

Porque não sei dizer,

O que sente o prazer.

Continuo desinteressado

Não sei se interessa

O que pra mim na verdade

Não passa de banalidade.

Posso escrever um livro

Como quem se alimenta

Mato apenas a fome

De quem por mim se interessa.

As letras me somem da vista

Faço palavras soltas

Junto algumas virgulas

Como quem junta dinheiro.

E assim nada vai saindo

Mas cabe uma interpretação

Fazer valer umas frases

Como que lê algo de bom.

De tudo que escrevi

Valeu a sinceridade

Nada quis dizer

Que valesse ser lido.

Sinto muito prazer

No simples fato

De alguma forma

Não saber o que dizer.

Quando o marasmo da falta de inspiração

não impede o ato de escrever,

a gente escreve algo que não precisa ser lido.

Jose Carlos Cavalcante
Enviado por Jose Carlos Cavalcante em 25/04/2006
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