NADA PARA DIZER
Sem muito querer,
Escrevo alguns prazeres.
Sem querer escrever,
Porque não sei dizer,
O que sente o prazer.
Continuo desinteressado
Não sei se interessa
O que pra mim na verdade
Não passa de banalidade.
Posso escrever um livro
Como quem se alimenta
Mato apenas a fome
De quem por mim se interessa.
As letras me somem da vista
Faço palavras soltas
Junto algumas virgulas
Como quem junta dinheiro.
E assim nada vai saindo
Mas cabe uma interpretação
Fazer valer umas frases
Como que lê algo de bom.
De tudo que escrevi
Valeu a sinceridade
Nada quis dizer
Que valesse ser lido.
Sinto muito prazer
No simples fato
De alguma forma
Não saber o que dizer.
Quando o marasmo da falta de inspiração
não impede o ato de escrever,
a gente escreve algo que não precisa ser lido.