ESTIAGEM

As ruas molhadas da chuva que caiu

encharcam-me de lembranças...

O cheiro da rosa,que já se abriu

dos grandes jequitibás das Campinas...

A cidade ferve e não para

na contra mão, a direção errada

do cabloco que vive sonhos

-distintos- dos mitos urbanos

sem a esperança rústica de solos que se racham

sem a cumplicidade da divisão de águas...

Morre-se um pouquinho a cada estiada

e o homem de alegria rara

caminha na selva de chãos emprestados

doando pernas,mãos e braços

a levantar sólida matéria

de cimento bruto,hostil

as casas grandes de suntuosas salas

onde ele mesmo nunca se viu...