Frio

Arabescos ao vento,
Estão desfeitas as emoções
Que me agasalhavam a alma.
Um frio escuro zera as expectativas.
É inverno demais!
Os sonhos fazem cócegas
E a alegria dói como parto de viúva.
A batalha está perdida para este mundo unânime.
Esgueiro-me em solar
Sem sol nem lar.
Os pássaros não me ensinam mais a cantar,
Porque os dias limitam-se anoitecer.
Aninharam-se sem, sequer, arrulhar.
Acrescento lirismo aos acenos...
Soluça a distância.
De mim, de ti,
De todos os afagos,
Hoje, saudade.
Domingo comprido.
Inverno no poema.
Rima virou nostalgia.
Serve-se fria. 

Flávia Melo
Enviado por Flávia Melo em 10/02/2009
Código do texto: T1432056