DESPERTAR!
Despi-me do pesadelo
De ser alguém, sem um sonho
Sem ter padrão, nem modelo
Sem cuidar-me com o desvelo
E recursos que disponho!
Voei alto e pude ver
O fracasso previsível
A vontade de não ser
O medo do anoitecer
E o amanhã tangível!
Não me importa quando encaro
A minha face no espelho.
Se por vezes me deparo
Com minh’alma em desamparo
Sofrendo o açoite do relho!
Não mais me permitirei
Causar – injusta e ciente –
Feridas que só eu sei
O quanto me lembrarei
Das dores que o outro sente!