Prodigalidade


Eu quero docemente a vida malgastar

Em coisas tão supérfluas e desnecessárias,

Que a morte há de colher-me amena e com vagar

Como se eu fosse a flor das musas funerárias.


Viver como quem sonha. E nunca despertar 
 
Na síntese que é pão nas horas tumultuárias.

O olhar em voo branco - um cisne a pervagar

Na face repousada em brumas solitárias.


Viver como se a vida fosse apenas cor,

Dispersa a voz do vento, a mão compondo espumas

E o coração em verdes plasmações campestres.


A morte há de encontrar-me inútil como a flor:

- Um vulto esmaecido em solitárias brumas.

- Um nada que se entrega às mutações terrestres.

 

Flávia Melo
Enviado por Flávia Melo em 03/02/2009
Reeditado em 03/02/2009
Código do texto: T1420395