Autorretrato


De onde eu vim deixei o lar, o mar, o meu
( e a espontaneidade do vento
nem trouxe o tempo necessário
para se diagnosticar um sonho.)

Vim de tão pouco e tão perto,
Mas já vou cansando da orgia inteligente deste século:
rabiscam-se teoremas, concluem-se dúvidas.
Hoje, a teodicéia foi reformulada
(mas o sábio, em seus momentos de lirismo,
agradece ao mesmo Deus por ser poeta, ainda.)

Desbravadora eu fui,
Pisando em terras desconhecidas do meu coração mal amado.
Surgi, então, no todo
(E é como se minha participação
fosse apenas inevitável).

Por isso é que acho graça
Quando todo mundo me chama e conhece meu nome
(É engraçado como todo mundo me constrói,
mas ninguém me sabe).
Flávia Melo
Enviado por Flávia Melo em 03/02/2009
Reeditado em 03/02/2009
Código do texto: T1419752