VERSO CALADO...
Há
em minha boca de mil dentes,
verso calado
que me atormenta a mente.
Esse verso me machuca,
dói em minha cuca, “nauseabunda”.
A noite é que a dor maltrata,
se alastra, não passa!
Sobe em meu cérebro e me devassa!
Dia desses, paciência eu perdi; procurei um dentista e lhe pedi:
“Arranca este verso que mora aqui, sem discutir!”
O dentista, com seus dedos macios,
arrancou-me o verso,
e meio controverso, disse-me assim:
“Tolice arrancar um verso que poderia ser recuperado e tratado.”
Não lhe dei ouvidos
e dormi em paz naquela noite...
Sem o verso cariado que me envenenava o trato
e me deixava debilitada.